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É... Opinião

É urgente e um dever cuidar da natureza

 

 

Já nos primórdios da humanidade nos aparece, na reflexão do autor sagrado, (Gén. 2,13) simbolicamente, a presença de Deus a conversar com o homem e a entregar-lhe, como morada, o Jardim do Éden “para que o cultivasse e o cuidasse“.

Está inscrito no coração de cada homem na sua individualidade e na sociedade no seu colectivo a missão de “crescei e multiplicai-vos” e de sermos guardiões da natureza que nos foi concedida como usufruto.

O ambientalismo está lá, como missão e atitude, desde o início da humanidade.

Mais tarde, Francisco de Assis, séc. XII foi o expoente máximo da fraternidade que deve presidir sempre na relação com a natureza. Ninguém como ele expressou duma forma poética mas profundamente realista e actuante como nos devemos relacionar com o mundo que nos rodeia. Muito para além de se sentir responsável pelo mundo que lhe foi dado viver, Francisco de Assis fá-lo com uma afectividade que, talvez, até nos possa chocar. “ A minha irmã água… a minha irmã natureza…”.

A lei inculcada no início dos tempos como cuidadores do mundo criado transformou-se no realismo do dia a dia de Francisco.

O Cardeal Bergolhio foi tocado pelo Espírito quando, após a sua eleição, escolheu Francisco como nome que marcasse o seu pontificado.

Francisco de Assis é o “poverello“ que o Papa hoje quer actualizar cuidando dos que estão na marginalidade.

A simplicidade de gestos e afectos foi buscá-la a Francisco de Assis como inspiração para o seu modo de ser e de estar diante dos homens e da natureza.

No passado dia 10 de Novembro, recebeu em audiência representantes do governo Argentino a quem manifestou a sua imensa preocupação pelo modo como as autoridades do seu país estavam a descurar o meio ambiente. Nesse encontro confidenciou que estava a escrever uma Encíclica (Documento com que o Papa se dirige a toda a Igreja sobre assuntos que ele considera muito importantes para a Igreja e para o Mundo) sobre o tema do ambiente e o respeito que devemos ter pela natureza. Quis ser fotografado com umas camisolas onde se podia ler “A água vale mais que o ouro…”

Hoje, neste nosso mundo tão maltratado, tão desfigurado, tão destruído pela incúria, pelo desleixo, pela avidez económica por tantos gestos de maldade que infligimos às nossas florestas, aos nossos rios, ao equilíbrio sábio da biodiversidade como é necessário revisitar o Génesis e a missão primordial que Deus confiou a todos os homens.

Tudo nos foi dado para usufruirmos. Tudo é nosso para cuidarmos, nada é nosso se nos tornamos assassinos do equilíbrio do ambiente e da natureza.

Hoje, neste mundo tão materialista e edonista, tão economicista e egoísta, vale tudo e apoderamo-nos do que não nos pertence. A natureza é uma herança que podemos e devemos usufruir mas é pertença da humanidade de ontem, de hoje e de amanhã.

Quando perdemos a sensibilidade perante a beleza de uma flor, de um espaço verde, dos regatos e rios, das cascatas, da variedade quase infinita de plantas, animais, aves e peixes companheiros do mesmo habitat que tem que ser e é de todos, somos uns pobres cegos que passamos ao lado da possibilidade de sermos felizes e “donos“ de tão grande herança…

Apesar de tudo há ainda tanta beleza neste nosso maravilhoso mundo…

Porque não paramos um pouco enquanto ainda temos tempo?

A natureza cobra-nos de uma forma muito dramática sempre que a maltratamos. Todos os dias somos alertados por sinais tão intensos como a poluição, os terremotos, os tornados, os tsunamis… São os gritos de quem sofrem as nossas atrocidades ou os maus tratos que, quase inadevertidamente, infligimos à mãe natureza.

Há um ditado chinês que sempre me norteou nas minhas vivências com o meio ambiente: “SE QUERES UM MUNDO LIMPO, VARRE A SOLEIRA DA TUA PORTA“.

Não podemos transformar todo o mundo, mas podemos e devemos cuidar do espaço onde nascemos e vivemos.

Se cada Grijoense e Sermondense se unisse aos esforços que vão ser feitos pelos nossos autarcas a nossa terra poderia ser um espaço onde apetecesse viver e acolher quem nos visita.

Multipliquemos gestos amigos nos espaços que usufruímos.

Ninguém nos pede que sejamos heróis mas todos podemos fazer pequenos gestos para tornar mais belo e habitável o nosso pequeno mundo.

“Porque não limpamos a soleira da nossa porta?“…

 

 

É... Alberto Correia, 16 Nov.

 

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