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É... Opinião

Não basta trabalhar, o êxito está no como trabalhar

 

Quantas vezes o povo português é classificado com epítetos pouco abonatórios.

Nós próprios temos uma péssima autoestima e nos desconsideramos. Ouvimos, quase diariamente, que o “desenrascanço“ é a nossa regra de vida. Não planificamos, não temos estratégias a médio e longo prazo, somos egoístas, não sabemos trabalhar em grupo, “cada um por si e fé em Deus“.

Em algumas circunstâncias até pode ser verdade, basta ver a nossa selecção de futebol que, só na hora da decisão, embalou para uma exibição de sonho para poder estar no Mundial do Brasil.

Mas esta fotografia está muito desfocada.

Portugal não é o coitadinho, o pobrezinho, o ignorante, o preguiçoso.

Infelizmente quase sempre são os de lá de fora que nos valorizam, todos os dias. Temos que sair do nosso país para ver e ouvir quanto somos apreciados e louvados.

Metade da população que reside em Portugal está espalhada pelo mundo onde são considerados e admirados como trabalhadores competentes, honestos, capazes, simpáticos e eficientes. Os portugueses são procurados pelas suas competências, dedicação, capacidade invulgar de adaptação, elevado nível de produtividade.

Os nossos jovens licenciados, nas várias áreas, são considerados entre os melhores do mundo nas suas capacidades e formação. Hoje, com alegria, queria partilhar convosco uma experiência empresarial que nos deve orgulhar como país.

Refiro-me à Indústria do Calçado.

Há quarenta anos estava condenada ao insucesso e à falência.

Era uma indústria artesanal, sem inovação na área da gestão como dos produtos fabricados. Descapitalizada vivia à sombra das grandes empresas internacionais para quem trabalhava em subcontratação e dependência total.

O “Made in Portugal“ era o descrédito. No norte do país os empresários do ramo notabilizavam-se mais pelos seus Ferraris e pelos seus sinais exteriores de riqueza do que pelas melhores práticas de gestão. As empresas morriam à míngua de capital e os trabalhadores, muitos deles crianças, com baixos e precários salários.

Um dia soou o grito do alerta de alguns mais inconformados: ou mudamos ou morremos…

Os empresários, pouco a pouco, unem-se e criam a sua Associação a APICCAPS. Chamam bons economistas das nossas Universidades para que definissem estratégias de gestão empresarial, de comercialização, de marketing, de inovação e de internacionalização. Havia que capitalizar as empresas, havia que criar centros de inovação, inicialmente em S. João da Madeira, e, depois, nas próprias empresas. Era prioritário percorrer o mundo. Imponha-se criar marcas próprias e o “Made in Portugal“. Era indispensável ir às Feiras Internacionais à procura de clientes e gostos, mas igualmente encontrar as melhores e mais actuais máquinas. No início os nossos empresários iam, quais meninos de escola, acompanhados por economistas e técnicos da Associação porque não sabiam nem línguas nem apresentar as mais valias dos seus produtos.

Foi longo o percurso, mas valeu a pena.

No passado dia 25 de Novembro, na reunião anual onde se permeiam as melhores empresas europeias entre centenas pré-qualificadas foi atribuído o 1º Primeiro Europeu de Promoção Empresarial ao calçado português.

Permitam-me alguns números elucidativos.

Entre Janeiro de 2011 e Dezembro de 2012 a Indústria do Calçado Português cresceu 20%.

De Janeiro a Setembro de 2013 cresceu 7.2%. Produziram-se nestes nove meses 56 milhões de pares de sapatos que foram 95% exportados para 132 países. Já chegamos à China com aumentos de 300% e à Rússia de 196%.

“Made in Portugal“ e as variadíssimas marcas criadas e licenciadas são altamente prestigiadas.

O nosso calçado é o 2º mais caro do mundo depois da Itália.

Em Felgueiras “capital“ do calçado foram contratados 1.200 trabalhadores e o desemprego é o mais baixo do país (11%).

Calçamos as primeiras damas do mundo (Michael Obama) e as maiores celebridades da política, do cinema e da arte.

Somos uma grande referência mundial. Os nossos empresários estão, com grandes stands, nas 77 maiores feiras mundiais de calçado. Perspectiva-se que até 2020 sejam fabricados em Portugal 500 milhões de pares de sapatos no valor de 12 mil milhões de Euros.

Por hoje chega.

Mas há melhores exemplos com grande prestígio mundial quer nos Moldes, na Indústria do Papel, na Cerâmica, nas Agroalimentares, no Turismo, na Metalomecânica nas Éolicas, nas Tecnologias de Informação, etc. etc…

Na verdade não basta trabalhar é preciso saber como trabalhar…

Somos bons, muito bons. É preciso muito esforço, mas também muita autoestima.

Mais uma vez vamos sair desta crise e vamos vencer.

Todos somos poucos, é proibido desistir…

 

 

É... Alberto Correia, 30 Nov.

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