Eu queria acreditar...
Dentro de mim nascem sonhos... E como eu gosto de sonhar de olhos bem abertos...
Perante tantas crises que me é dado viver, a maior de todas é esta onda global de incertezas, do medo do amanhã.
Aos 76 anos acabados de fazer, continuo a sonhar projectos que eu queria realizar “ quando fosse grande”...
Parace-vos estranho e a mim também que as realidades mais cruéis, os dramas terríveis que vejo, a pobreza, a miséria, as injustiças, as guerras, a corrupção, as violências e o desamor que coabitam debaixo das mesmas telhas, que inexoravelmente batem à minha porta, não conseguem matar os meus sonhos.

Será velhice ou inconsciência? Pensem o que quiserem, mas ninguém será capaz de me roubar este espaço de liberdade onde os sonhos e a realidade coabita harmoniosamente.
Não há dúvida que os meus sonhos são esquisitos...
Não quero salvar o mundo, nem sequer o meu país. Os meus sonhos ficam-se por aqui, por esta terra. Confinam-se a Grijó.
No limiar de mais um ano que se aproximam, os meus sonhos crescem em intensidade, compulsivamente.
Homens da política da minha terra, não pensem em listas, pensem em obras. Não pensem nos vossos partidos, pensem em Grijó e Sermonde. Não se ajoelhem submissos aos vossos “chefes”, aos vossos interesses, às estratégias centralizadoras do poder. Não se vendam às vinganças mesquinhas, às jogadas sujas, às desforras que nenhuma vitória será capaz de saciar.
As mulheres, os homens, as crianças e os idosos de hoje são a presença viva de um ontem de prestígio, de história, de marcas profundas de honradez, de valores, de solidariedade, de cultura...
Eu sonho, eu queria acreditar que, em 2014, um punhado de homens e mulheres da minha terra, marcados pela verdade, pela honra, pelo serviço, concretizassem os sonhos de tantos Grijoenses e Sermondenses tão cansados, tão desanimados, tão frustrados de tanto esperar...
Eu queria acreditar...
Neste final de 2013, penso que não é uma ilusão, já vejo luzes a apontar novos caminhos.
Confiar em Deus é uma certeza de protecção, de presença, de salvação. Mas eu quero igualmente acreditar nas mulheres e homens da minha terra.
2014 será um ano de viragem aqui, no nosso pequeno mundo.
Por favor, confirmem a nossa confiança, não nos desiludam…
Eu queria acreditar… Eu acredito!
É... Alberto Correia, 30 Dez.