É... Personalidade do Ano
Neste Natal, mais uma vez, foi-nos enviado um Menino, Deus Connosco…
Nove meses depois, 13 de Março de 2013 o Papa Francisco foi eleito Bispo de Roma, e o impossível já começou a ser realidade.
Setenta e sete anos: que força e vigor é este que o move?
Tanta corrupção, tanta imoralidade, tantos interesses mesquinhos, tanto carreirismo, no âmago da própria Igreja não lhe retiram o sorriso límpido, a esperança que move montanhas…
Uma Igreja que é Mãe apesar das suas grandes fragilidades, tão centralizadora, tão dogmática, tão legalista, tão clericalizada, e eis o Homem que vem do “fim do mundo“ afirmar e tirar daí todas as consequências esta verdade tão antiga e sempre nova: “Eu acredito em Deus, não um Deus Católico, não há um Deus Católico, só há um Deus“ que é Pai de todos e de cada um.
O Espírito de Deus que conduz a História visitou-nos já não feito Menino mas neste nosso Irmão mais velho, tão simples, tão verdadeiro, tão espontâneo, tão confiável, de sorriso e de palavras límpidas, directas, profundas, mas igualmente acessíveis a todos …
O Papa Francisco diz “Eu consigo sentir que Deus está a olhar para mim“.
Na verdade Jesus está a inundá-lo de luz, de sabedoria, da Sua Mensagem, do Seu jeito de ser e de estar.
Contra tudo e contra todos segue “o seu caminho“ na Casa de Santa Marta, com os seus gastos sapatos pretos, próximo dos sem abrigo, dos não crentes, dos que mandaram informações não muito abonatórias (Núncio Apostólico Adriano Bernardini) quando ele ainda era Arcebispo de Buenos Aires e que, agora, se cruzam com ele em Roma, dos marginalizados pela fome e pelas ideias nem sempre coincidentes com o estabelecido pelo “Santo Ofício”, ouvindo todos os cristãos espalhados pelo mundo, corrigindo, reformando, simplificando.
O Jesus dos Evangelhos é, de novo, o Centro das suas decisões e não o Código do Direito Canónico…
Parece estranho mas, estou convicto, que os grandes obstáculos que terá que vencer os seus “ inimigos “ estão dentro da própria Igreja e não na humanidade que se deixou seduzir pela simplicidade de quem não julga nem impõe.
O Papa Francisco não nos pertence a nós cristãos ou católicos ele quer ser e nós precisamos que seja o Irmão de todas as crianças, todas as mulheres e todos os homens em qualquer situação em que possam estar perante o mundo e perante a Igreja.
Força, “Novo Poverello“ de Roma e do Mundo nós precisamos muito de Ti. Obrigado!
É... Acontecimento do Ano
CRÓNICA HISTÓRICA
Transladação do Túmulo
de D. Rodrigo Sanches
É... João de Sousa
No ano de 2012, integrado no quarto centenário da fundação da Capela-Mor, a paróquia do mosteiro de Grijó organizou uma exposição e publicação de uma cronologia onde se pretendeu dar a conhecer os momentos mais marcantes da história deste milenar monumento, realçando fundamentalmente os acontecimentos relacionados com construções, reconstruções, modificações e modernizações que ao longo dos tempos um conjunto de homens foram realizando.
Nesta altura estávamos longe de pensar que no ano seguinte se iria concretizar uma das obras que mais tempo demorou a ser executada neste monumental edifício. Estou a referir-me à transladação do túmulo de D. Rodrigo Sanches.
Originalmente o túmulo de D. Rodrigo Sanches, mandado fazer por sua irmã, D. Constança Sanches, e de acordo com testemunhos de mais do que um cronista, terá sido colocado no altar de Santa Maria Maior. Aquando da construção da atual igreja e, segundo Frei Marcos da Cruz, porque o local que lhe estava reservado era demasiado pequeno, foi colocado nos claustros deste mosteiro.
Esta verdadeira joia da escultura tumular românica do século XIII (trata-se do segundo túmulo com jacente mais antigo do país) ficou desprotegido desde o século XVII até ao século XXI sofrendo todo o tipo de agressões e ataques de puro vandalismo que muito o deterioraram.
Desde pelo menos 1938 que nos aparecem provas documentais que comprovam que vários párocos se preocuparam com o monumento e apelaram às entidades competentes para o mal acondicionamento do túmulo bem como para a sua progressiva degradação. Foram muitas as tentativas frustradas para se mudar o túmulo de D. Rodrigo Sanches. Em 1941 foi aprovado por despacho ministerial o orçamento de 58.900$00 para o arranjo da Sala do Capitulo e mudança do Túmulo de D. Rodrigo Sanches que não se viria a realizar apesar das várias entidades reconhecerem a urgência do mesmo e da paróquia se prontificar a participar com dez por cento do custo da obra.
Um país onde durante setenta e cinco anos as entidades responsáveis pela preservação e guarda do nosso património nada fizeram para a execução daquilo que era reconhecido por todos como muito urgente é no mínimo preocupante e deverá fazer-nos refletir.

Educação 2014: Esperança
Diz-se que só há dois dias em que não podemos fazer nada: ontem e amanhã. E, por isso, o que houver para fazer, terá que ser feito hoje.
As práticas governativas de Nuno Crato transportam-nos para essa reflexão. Tem sido tão má a sua gestão, que hoje é o “ano” de fazer algo – 2013 já era e 2014 não pode ser uma réplica deste ano negro da Educação.
Nuno Crato foi comentador no Plano Inclinado e foi nesse papel que se tornou uma figura pública com opiniões sobre Educação. A verdade é que eram opiniões pouco fundamentadas e nada rigorosas, nomeadamente quando defendia a implosão do Ministério da Educação.
Ora, sentado na cadeira de poder, tratou de fazer o contrário do que defendia e tornou o Ministério da Educação um polvo tremendo que controla tudo o que se passa em cada uma das nossas escolas – é em Lisboa que autorizam ou não a constituição de turmas ou a simples contratação de um professor. As escolas passaram a depender de Lisboa por dois motivos: por tudo e por nada.
2013 ficará na memória como o ano em que Nuno Crato concretizou a sua ideia para a Escola Pública: menos escola, pior escola. Reduziu o número de horas que os alunos têm na escola e aumentou o número de alunos em cada turma. Acabou com o Estudo Acompanhado e criou os exames da “4ª classe”. Deu mais dinheiro aos colégios e despediu Professores da Escola Pública: em 2008 estavam nas nossas Escolas 38 mil professores contratados, em 2012 eram pouco mais de 28 mil e agora estão a contrato cerca de 14 mil professores – são 24 mil despedimentos em meia dúzia de anos, a grande maioria no mandato de Nuno Crato.
2013 foi também o ano em que Nuno Crato, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas reduziram os apoios aos meninos com Necessidades Educativas Especiais. Alunos e famílias mais frágeis que ficam presas no sistema burocrático que não apoia e só complica. Felizmente, em sentido contrário tem ido a prática da nova Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, que, precisamente, teve nesta área a sua primeira iniciativa.
Há, até por isso, caminho para a Esperança. Há gente que pensa e faz diferente e isso tem que ser um indicador de grande otimismo. A forma como os professores das Escolas Públicas se levantaram para defender o sistema público de educação, quer em julho, quer agora em dezembro, só pode ser um sinal de Esperança. A Escola Pública é de todos e para todos e os Professores não deixarão de o afirmar, todos os dias. Seja na Escola, seja na rua.

Devo considerar que é um trabalho árduo esta (tentativa de) definição de um acontecimento que tenha marcado o ano de dois mil e treze, no entanto, boa ou má, eis a minha escolha. Eleito a treze de março do presente ano, penso que o Homem de quem vos vou falar agora irá revolucionar o Mundo nos próximos anos (e já o começou a fazer!).
Era quase inevitável escolher a eleição do tão mediático Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio, cardeal jesuíta) como o acontecimento que marcou este ano que está a chegar ao fim. Se as "teorias da conspiração" sugeriam que a Igreja de Cristo vivia tempos difíceis, não podemos discordar que foi este homem (eleito pelo conclave com menor duração do nosso século) que veio trazer ar fresco e ventos de mudança e esperança para a Humanidade. Esperamos que continue fiel a si mesmo, ou seja, humilde e leal à imagem de servo que Jesus pretendia transmitir. É o argentino que irá mudar o mundo.
As suas palavras "Foram quase até ao fim do mundo para me buscar" demonstram que este homem é muito genuíno, espontâneo e muito mais. Como cristão, não poderia estar mais contente com os acontecimentos que aí vêm. Quanto a Bento XVI, penso que será pertinente agradecer-lhe todos os esforços que fez pela sua Igreja e congratular a sua coragem para deixar o cargo quando não teve mais forças para continuar.
Esperemos que o ano de 2014 nos traga mais surpresas.


Jovens ! Obrigados a partir...
É... Sofia Almeida



É... o melhor de 2013, a nossa escolha!




PAPA FRANCISCO
É... Alberto Correia
Nuno Crato
É... João Paulo Silva
Papa Francisco
É... Tiago Gonçalves
-Mãe! Pai! Cheguem aqui à sala.
(estes aproximam-se do filho, sentando-se nos velhos sofás da pequena sala)
-Sim, meu filho o que se passa?! (diz a mãe um pouco aflita)
-Bem não sei como contar, ou arranjar uma maneira melhor de vos dizer… Mas…mas a verdade é que hoje é a última noite que durmo cá em casa…
-Porquê? (questiona espantada a mãe). O que se passa? Sabes que ainda não tens emprego, não sabes? Como vais sustentar-te sem a nossa ajuda?
-Hum… não é bem isso, mãe…
-Não me digas que arranjaste uma namorada?! Não me digas que vais ser pai e andaste este tempo todo a guardar segredo?! Oh meu filho!!!
-Calma… Não tem nada a ver com isso…
-Não alimentes mais esta ansiedade, conta-nos de uma vez!
-Mãe! Tens que perceber que foi uma decisão difícil, não foi algo planeado, mas também não foi inesperado, foi uma hipótese que estava em cima da mesa, porém esta, só seria usada em última instância. Há dois anos que procuro uma oportunidade para trabalhar cá em Portugal, HOJE, esta procura… chegou ao fim… Acho que no fundo vai ser o melhor para nós… e para mim…
(A mãe começa a chorar desalmadamente, enquanto o pai mantêm-se sentado na velha poltrona com os olhos fixos no seu querido filho e sem qualquer expressão facial).
-Filho! Não vás! (A mãe apercebe-se que tinha chegado a hora do seu filho partir em busca de uma vida melhor).
Pedro, este era o seu nome, tinha estudado para um dia ser enfermeiro e ajudar todos aqueles que dele necessitassem, pretendia-o fazer no seu país. Estudou durante 4 anos e junto dos conhecimentos que adquiriu, criou a esperança que no final do seu curso, o país estaria de braços abertos para recebê-lo, dando-lhe a oportunidade e os recursos necessários. Todavia, todas as suas expectativas saíram defraudadas. Passado 2 anos de ter terminado o curso e de uma procura incessante de trabalho, perdeu a esperança e recorreu ao estrangeiro como tantos colegas. Assim, que submeteu a sua candidatura foi aceite. Voaria para Londres e teria um hospital com um lugar à sua espera.
-Pais! Pensava que não seria tão rápido, mas verdade é que estão há minha espera… necessitam de mim… já! Não posso recusar…
-Mas…Mas, nós podemos sustentar-te mais um pouco. A verdade é que as coisas estão difíceis, mas ainda temos umas poupanças. Podemos esperar mais um pouco até tu arranjares algo… Mas por favor… NÃO VÁS! (implora a mãe)
-Não, Mãe! Por mais que procure, a verdade é que eu estudei longos anos da minha vida para exercer a minha profissão. Não é que eu tenha vergonha de fazer qualquer outro trabalho, porém tenho uma oportunidade que o meu país não me concedeu. Posso ir, trabalhar, ser justamente pago por isso, posso iniciar a minha vida, sustentar-me e por fim, poderei retribuir-vos todos estes anos de sacríficos, para que eu me pudesse formar. Vai custar-me partir e levar comigo a desilusão de um país que me voltou as costas, que me vendeu a ideia que tirando um curso, teria direito a lutar por uma oportunidade de trabalho na minha área, vou levar a mágoa de não poder cuidar das minhas pessoas, sei que que levo bastantes feridas abertas. Mas se o meu país me voltou as costas, o que continuo cá a fazer?! Continuar cá, é só uma maneira de impedir-me de prosseguir. E mais vos digo, irei ter saudade não do país, mas sim de tudo e de todos que fui obrigado a deixar.
(A mãe continua sufocada e lavada em lágrimas, enquanto isso, o pai levanta-se agarra na cara do filho, beija-lhe a face e em seguida segreda-lhe ao ouvido: «Tenho orgulho no homem em que te tornaste, se não foi possível a concretização do teu sonho no país em que nasceste, alcança-o nem que seja no outro lado do mundo. Quanto a nós continuaremos sempre cá, à espera que um dia voltes…
Este testemunho apesar de criado, espelha tantas partidas que se tornaram realidade nestes últimos anos.
Há uma diferença daqueles que partiam nos anos 60 e 70 e aqueles que hoje partem. Antigamente partiam sem quaisquer conhecimentos, apenas levavam na mala uma muda de roupa e uma enorme esperança de proporcionar um futuro melhor às suas famílias, sabiam que estariam sujeitos a realizarem trabalhos que os nativos não consideravam meritórios, mas não era importante pois acalentavam no peito a esperança de um dia voltar. Hoje, Portugal não tem meios necessários para segurar e proporcionar condições aos «cérebros» que produz nas suas universidades, por vezes nem sequer lhes dão oportunidades. Assim, partem com conhecimentos, energia, com aspirações de mudarem o mundo, mas já não levam na mala a vontade de um dia voltar.
Tudo isto está a provocar o rápido envelhecimento do país, está a tornar-nos num país de reformados e de turismo. Aqui impõe-se a questão. Qual o nosso futuro?
Um país de desaproveitamento de recursos… é a classificação que mais perto estamos de atingir.
Abandonar é difícil, mas custa mais sentir que fomos abandonados e obrigados a partir…







